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Friday, June 23, 2006

Alemanha 2 - Da eternidade ao instante

Segundo dia de Alemanha: Portugal vs Angola.
Os pormenores ligados ao jogo devem ser iguais a toda a gente: comboio até Colónia, concentraçao na catedral, desfile com as cores nacionais até ao estadio e somos todos os melhores amigos. Ainda ontem nos andavamos a chamar filhos da puta uns aos outros num sporting-benfica, ainda ontem mandavamos para o caralho os tripeiros e eles a nós. Nem o futebol escapa das hipocrisias da vida. Mas o que interessa é que agora somos todos amigos.
Cerveja, cerveja e mais cerveja... já nao cabe mais cerveja, se for uma "bitburger" nao aceito mas se for uma "becks" nao digo que nao.
Ja perto do estadio desde o quiosque à estaçao de serviço, em todo o lado existem televisoes para ver os jogos e em todo o lado se vende cerveja, todo o rosto expressa uma alegria e emoçao por estar ali como se fosse o momento mais especial das suas vidas, mas um ceptico como eu estranha tanta felicidade junta...
De repente todos gritam portugal e quem nao grita é olhado de lado como se de um traidor se tratasse. Eu sou olhado varias vezes de lado... No entanto essas pessoas que fixam o seu olhar em mim com odio e despezo, que ostentam um nacionalismo vincado enquanto eu calmamente bebo a minha cerveja, sao aquelas que todos os dias ouvimos a dizer mal dos portugueses, a dizer mal de portugal, a dizer mal do governo, a dizer mal dos politicos, a dizer mal do sistema de saude e dos médicos, a dizer mal da justiça dos juizes e dos advogados, a dizer mal da agricultura e dos agricultores e a dizer mal do futebol, dos arbitros, dos jogadores e dos treinadores. É esta gentinha que ainda foge aos impostos, deita lixo e cospe para o chao, nao recicla e destroi as praias, constroi desordenadamente e bate na mulher.
O estadio, o jogo, o golo, a vitória, a festa, os bares, cerveja, festa, portugal olé.
Tantas da manha e o bar-disco junto ao rio em que estavamos a festejar fecha. Continuamos todos amigos mas agora alem de portugueses tambem ha gente de todo o lado e o ponto alto da noite é o comboio intercontinental que se forma na pista.
A caminho da estaçao um picanço inexplicavelmente saudavel e divertido com tugas, meteu bolota paquistanesa pelo meio o que ajudou.
Ate aqui o dia tinha sido engraçado... mas faltava aquele cheiro a mundial!
Chegamos a estaçao, comboio para dusseldorf so dai a uma eternidade.
Começamos a ouvir um som... sempre um som... Parece uma festa! procuramos de onde vem e de repente passa por nós uma maquina de lavar chao industrial... fodasse! Nao acredito que o som vinha dai! A maquina afasta-se lentamente... Continua-se a ouvir "xukaxuka plimplim" e afinal havia mesmo musica!
Um grupo de trinidad e tobago a tocar com garrafas de cerveja e a cantar, gente de todo o mundo a assistir, assim que chegamos somos logo convidados a juntar a roda e dançar e cantar com eles. Uma alegria genuina, uma experiencia indiscritivel. Por coincidencia o destino era o mesmo, mais umas rodadas de becks e ainda os acompanhamos na viagem para dussesldorf, sempre a tocar e cantar, claro. Da eternidade ao instante, as horas pareceram minutos, soube a pouco, mas soube a mundial.

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