Mota

Foi há muitos anos que o bichinho nasceu. Era miudo, andava muito de bicicleta perto de Santarém onde os meus pais tem uma moradia de fim-de-semana. Eu saía de casa de manhã cedo com a energia de um muido de 14 anos e só voltava já de noitinha. Entretanto, pedalava kilómetros, comia fruta das àrvores, fazia corridas de bicicleta ou carrinho de rolamentos, enfim, era uma infância à antiga, coisa fora de moda nos dias de hoje. Mas, esse bichinho nada tem a ver com estas aventuras mas foi nessa altura que nasceu, quando as via a passar lindas, sonoras e cheias de estilo. Falo do meu crescente fascínio por motas.
Nessa altura apenas tinha hipótese de andar na versão a pedais, mas muito me esforçei e desesperei, por uma mota. Injustamente fiquei muito irritado com os meus pais, certamente como qualquer adolescente, por ter sido contrariado, mas muito lhes agradeço pois sei hoje que é necessário grande maturidade, respeito e destreza para conduzir uma mota.
Em 2004, com mais maturidade mas o mesmo juizo, comprei uma acelera que me permite ir trabalhar todos os dias e dar as minha voltas sempre sem contar com o trânsito, gastando apenas alguns trocos do bolso para encher o depósito e sentir a adrenalina e os movimentos sinuosos do trânsito de lisboa, algo muito bom só possível a alguns. Há poucos dias começei a tirar a carta de mota. Iniciei com uma 125cc e experimentei uma 500cc pela primeira vez. Foi uma adrenalina brutal. Parece que sentimos o próprio sangue a correr nas veias, o coração a bater no peito e os sentidos a apurarem-se. Todas estas sensações sempre, sempre com um enorme respeito como sempre por tudo aquilo que me rodeia, só assim me consigo manter imaculado ao volante de tão frágil mas apaixonante forma de condução.

Já sonho com a minha próxima aquisição ...